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quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

O Ideal Ascético e o Novo Testamento



Reflexões sobre a Crítica

da Teologia da Reforma


Arcipreste George Florovsky

O Protopresbítero Georges Vasilievich Florovsky ( 23 de agosto de 1893 - 11 agosto de 1979) foi um proeminente cristão padre ortodoxo, teólogo e escritor do século 20, e ativista do movimento ecumênico . Sua escrita é conhecida por seu estilo claro e profundo, cobrindo assuntos em quase todos os aspectos da vida da Igreja. 
Florovsky nasceu em Odessa como o quarto filho de um sacerdote . Inspirado no ambiente erudito no qual ele cresceu, aprendeu Inglês, alemão, francês, latim, grego e hebraico, enquanto ainda era um estudante secundário. Aos dezoito anos, começou a estudar filosofia e história. Depois de sua primeira graduação, lecionou por três anos em escolas de ensino médio em Odessa e em seguida, concluiu sua graduação, incluindo o “docendi licencia” em todas as universidades do império russo. Em 1919, começou a ensinar na Universidade de Odessa, mas sua família foi forçada a deixar a Rússia em 1920.  
O jovem Florovsky logo percebeu na época que não haveria retorno para ele, porque o marxismo não aceitava a história e filosofia que ensinava. Florovsky tornou-se, assim, parte da grande emigração da intelectualidade russa, que também incluiu Nikolai Berdyaev , Sergei Bulgakov , Nicholas Lossky , Alexander Schmemann , e John Meyendorff , os dois últimos dos quais mais tarde seguiram a Florovsky como Decano do Seminário Teológico Ortodoxo de São Vladimir .  
Em 1925, Florovsky foi nomeado professor de Patrística no Instituto Teológico Ortodoxo São Sérgio, em Paris. Nesta matéria, ele encontrou sua real vocação. A Patrística tornou-se para Florovsky o ponto de referência para a teologia ortodoxa e exegese , bem como uma fonte para muitas de suas contribuições e críticas ao movimento ecumênico.  
Apesar de não ter ganho um grau académico em teologia (o qual, além de vários títulos honoríficos, mais tarde lhe fora concedido), Florovsky iria passar o resto da sua vida ensinando em instituições teológicas.  
Em 1932, Florovsky foi ordenado para o sacerdócio. Durante os anos 1930, empreendeu extensas pesquisas em bibliotecas europeias e escreveu suas obras mais importantes na área da patrística, bem como sua “magnum opus”, Forma de Teologia russa. Neste trabalho volumoso, questionou as influências ocidentais da escolástica, o pietismo, e o idealismo na teologia russa e pediu uma reavaliação da teologia russa à luz dos escritos patrísticos. O trabalho foi recebido com entusiasmo ou condenação, não havendo atitude neutra para com ele entre os emigrantes russos. Entre os críticos estavam Bulgakov, chefe do Instituto São Sérgio e expoente importante da tradição teológica russa do século 19, bem como Berdyaev, expoente do renascimento religioso do século 20.  
Em 1949, Florovsky se mudou para Nova York para assumir um cargo de decano do Seminário de São Vladimir, onde trabalhou até o ano de 1955. Posteriormente, lecionou na Harvard Divinity School (1956-1964), ensinando patrística e pensamento religioso russo, e mais tarde na Universidade de Princeton (1964-1972), ensinando a língua e literaturas eslavas. Florovsky adormeceu em 1979.


Conteúdo:

"Se o ideal monástico é a união com Deus através da oração, através da humildade, através da obediência, através de constante reconhecimento dos próprios pecados, voluntários ou involuntários, através da renuncia aos valores desse mundo, através de pobreza, através de castidade, através do amor pela humanidade e amor por Deus, então é esse um ideal Cristão? Para alguns o simples levantar dessa questão para parecer estranha e estrangeira. Mas a história do Cristianismo, especialmente a nova atitude teológica obtida como resultado da Reforma, força tal questão e exige uma resposta séria. Se o ideal monástico é obter uma criativa liberdade espiritual, e se o ideal monástico constata que essa liberdade só é obtenível em Deus o Pai, Deus o Filho e Deus o Espírito Santo, e se o ideal monástico afirma que se tornar um escravo de Deus é ontológica e existencialmente o caminho para tornar-se livre, o caminho no qual a humanidade se torna completamente humana precisamente porque a existência criada é contingente a Deus, é em si ladeado pelos dois lados por não-existência, então tal ideal é Cristão? É um ideal Bíblico — do Novo Testamento? Ou é esse ideal monástico, como seus oponentes afirmam, uma distorção do autêntico Cristianismo; uma escravidão a um mecânico 'monasticismo' que 'opera justiça'?"

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